quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Artigo do Santa

O artigo a seguir é da colunista Anamaria Kovács publicado no Jornal  Santa Catarina dia 22/09/2011. O artigo vem de encontro a um assunto que eu e o colega Filippe tratávamos dia desses: a corrupção. Devemos parar de tratar o assunto com hipocrisia. O brasileiro em sua imensa maioria não deixa de ser corrupto, basta olharmos as pequenas atitudes do dia a dia que embora pareçam irrelevantes, denigrem a nossa conduta ética, atitudes justificadas pela famosa expressão "o velho jeitinho brasileiro". Esse comportamento do povo presente na nossa cultura, reflete nas atitudes dos nossos representantes políticos. Portanto, antes de críticarmos, devemos olhar primeiramente para o nosso próprio umbigo. Cito uma frase de Louis Nizer " Quando um homem aponta um dedo para alguém, deveria lembrar que quatro estão apontando para ele".
A seguir o artigo:
ANAMARIA KOVÁCS
  • Reclamando
Recebi recentemente um e-mail interessante, intitulado “Reclamando de Quê?” O autor desafia o leitor a olhar para si mesmo, ou ao seu redor, antes de reclamar dos políticos corruptos que enfiam a mão, cada vez mais fundo, no dinheiro público. Pode até ser que, a partir das manifestações do último dia 7, a voz do povo seja ouvida com um pouco mais de atenção em certos gabinetes e assembleias. No entanto, o autor do e-mail não se referia aos políticos e sim ao próprio povo, do qual fez uma breve análise, que resumo a seguir:

O estudante brasileiro coloca nome em trabalho que não fez, assina em lista de presença o nome de colega que faltou, muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas, paga alguém para fazer seus trabalhos – entre outras coisas que a gente percebe, quando ensina...

O cidadão saqueia cargas de veículos acidentados, e, quando motorizado, estaciona nas calçadas – muitas vezes debaixo de placas proibitivas –, suborna ou tenta subornar quando é apanhado cometendo uma infração, fala no celular enquanto dirige, trafega pela direita nos acostamentos quando o trânsito engarrafa nas estradas. Na cidade, estaciona em filas duplas e triplas em frente às escolas, e, em qualquer lugar, dirige após consumir bebida alcoólica. Também costuma estacionar em vagas exclusivas para deficientes e idosos e, quer de carro quer de moto, viola a lei do silêncio sem dar bola pra ninguém.

Na hora de vender o carro, substitui o catalisador por um que só tem a casca e adultera o velocímetro para vendê-lo como se fosse menos rodado; quando compra outro, emplaca-o fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

O sociólogo improvisado observa também que o brasileiro troca voto por qualquer coisa, fura filas utilizando as mais esfarrapadas desculpas, espalha mesas e churrasqueiras nas calçadas, comercializa objetos doados para vítimas de catástrofes... Pega atestado médico só para faltar ao trabalho, faz “gato” de luz, água e TV a cabo, registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, só para pagar menos impostos (esse eu perdoo, os impostos são mesmo escorchantes e não vemos nenhum retorno em termos de melhorias nas cidades).

Depois de mais uma dúzia de reclamações – ou observações – desse quilate, conclui o autor que, de um povo com esse comportamento, é impossível esperar que saiam políticos honestos e responsáveis, e conclama seus leitores a pararem de reclamar e começarem a dar exemplos melhores, a partir de valores como ética, educação, honestidade, responsabilidade. Endosso o recado!
 Postado por Cleber 22/09/2011

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